opinião

Mais amor! Menos plástico!



Final de ano é época de refletir sobre o que de bom aconteceu e avaliar as coisas nem tão boas para evitar os mesmos erros. Natal e final de ano, no tempo do mercado do meu pai, a exemplo da páscoa, era época de grandes vendas de bacalhau. A Mercearia Bonifácio, pasmem, abria aos domingos e, enquanto houvesse freguês, não fechava. O ritmo era intenso. Me atrevo a dizer que nunca mais a cidade teve bacalhau igual. As frutas secas ainda adoçam minhas lembranças - figos, nozes, cerejas cristalizadas que destilavam uma delicada calda quando mordidas. Damascos, tâmaras e avelãs vindos de terras longínquas em caixas de madeira polida muito brancas que, hoje, seriam cobiçadas para prateleiras ou para abrigar alguma horta doméstica.

As viagens a Porto Alegre para buscar as apreciadas iguarias eram várias na semana. Muitas vezes, a chegada era tarde da noite, exigindo que meu pai dormisse junto à carga esperando o dia amanhecer para descarregar e para proteger os valiosos produtos que ornariam ceias fartas e iluminadas. Para nós não sobrava tempo. Tomados pelo cansaço e impregnados pelo cheiro do nosso Natal, íamos dormir, muitas vezes, sem desejar ao outro um feliz ano novo. Natal e ano novo eram símbolos de trabalho, pois seguiam-se meses magros, nos quais os fregueses iam para a praia em viagens de férias. Sempre tive sonho de ter um final de ano como o dos fregueses do meu pai. Mas, era preciso trabalhar muito para oferecer a melhor escola, o melhor estudo a quatro filhos. Hoje, outros momentos, estas lembranças são ainda muito fortes em mim. Meu pai tinha razão, pois foi esta construção que me possibilitou oferecer aos meus quatro, as festas dos meus sonhos.

Em época de final de ano ficamos mais melancólicos, pois saudade de momentos e de pessoas que não estão mais junto conosco, todos temos. Mas, ano novo também é época de projetar - propósitos melhores, sentimentos melhores, desejos melhores. É universal desejar o bem. O sonho e o desejo são os primeiros passos para a realização. A realização depende do trabalho incessante em busca do propósito. Desejo que inundemos 2018 de muito amor. Amor para dar e vender. Amor que vem da alma e atravessa nossos poros impregnando tudo e todos. Impregnando de amor, o planeta que nos dá e nos abastece com as essências da vida: ar, água e solo. Cuidar do planeta e de suas fontes é amar a vida e o outro. É poluir menos. É gerar menos resíduos. É consumir com responsabilidade. É usar menos plástico. Você já pensou em quanto tempo um canudinho de bebida é descartado? Em menos de 10 minutos! E quanto tempo ele leva para se decompor? 400 anos!! É uma relação desigual, desequilibrada e injustificável. Por não ser reciclável acaba na natureza, nos rios, nos mares e no estômago de muitos animais. Meu propósito e meu pedido para 2018: Mais amor! Menos plástico! Vamos espalhar encantamento e não destruição. Feliz ano novo!


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